AGRESSÕES A PROFESSORES
Li
com atenção a carta de leitor de Lícínia Romeira: INDIGNAÇÂO. Como eu a
compreendo! Sou professora aposentada e estive muitos anos exposta aos perigos
dos que, em casa dos pais, só receberam maus exemplos e levam para a escola a
deseducação que receberam. Nunca fui agredida fisicamente e ainda bem.
Só
gostava de dizer à colega Licínia que os actos agressivos não têm nada a ver
com igualdade. Somos todos seres humanos, com deveres e direitos, os
professores não batem nos alunos, nem devem fazê-lo e os alunos não podem bater
nos professores nem noutras pessoas. Isso é crime.
Também
me recuso a aceitar que o aluno que agrediu uma professora na Ponta do Sol
apenas tenha uma pena de 10 dias de suspensão! Foi o Secretário da Educação que
decidiu assim? Além do mais, segundo ouvi através da TV, o aluno já ultrapassou
a idade de estar incluído na escolaridade obrigatória. Não seria melhor ficar
em casa ao pé do pai e da mãe e, se mais tarde ganhar juízo, voltar a estudar
como adulto?
Todavia,
creio que as raízes destes problemas são mais profundas. Vivemos num mundo
competitivo e agressivo, com guerras, corrupção, fraudes e aos que mais roubam
chamam-lhes PESSOAS BEM SUCEDIDAS.
No
governo de Passos Coelho, esse, que até nos chamou PIEGAS, houve um pretenso
exame para professores principiantes que foi uma armadilha completa, com
questões que só poderiam ser respondidas por licenciados em matemática ou
história, por exemplo. Eu não me considero incompetente, mas não saberia
responder a algumas daquelas questões. Aquele teste serviu para expulsar muitos
professores do ensino e os responsáveis por esses exames ainda tiveram a
ousadia de dizer em público que os professores que fizeram o teste mostraram
que eram incapazes, pois até fizeram erros ortográficos. Eu gostava de fazer um
teste de ortografia a essas pessoas e veria quantos erros eles fariam.
A
sociedade ouviu estas afirmações e muitos encarregados de educação pensaram que
os filhos e filhas tinham professores incompetentes, incapazes de ensinarem os
seus filhos. E estas desconsiderações espalharam-se, ganharam força e chegámos
à situação presente.
E,
se recuarmos mais alguns anos, muitos de nós ainda se lembram de ouvir na TV,
em alto e bom som: “quando esses senhores chegarem… não chamem autoridades, não
chamem a polícia. Façam justiça por suas mãos”
Palavras
destas, proferidas por um governante, deram os seus frutos.
Conceição
Pereira
Este texto foi publicado no Diário de Notícias da Madeira no dia 30/1/2020
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