GRAÇA TOMÉ
Neste mês de Janeiro,
chegou-nos a notícia que faleceu a Graça Tomé, esposa de Mário Tomé. Sabíamos
que ela estava mal. Passou os últimos anos de vida a sofrer com uma doença
incapacitante, que não lhe permitia o mínimo de autonomia.
O marido cuidou dela,
de dia e de noite, fez o seu melhor e acompanhou-a até à última hora. Os
esposos juram um ao outro, na hora do casamento, se amarem e respeitarem, na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Nem todos cumprem, mas alguns
levam o seu juramento até ao fim. Tenho a certeza que Mário Tomé acompanharia
sempre a sua Graça, amá-la-ia até ao fim, mesmo sem juramento, porque é um
homem de bem e apaixonado pela mulher com quem casou.
Há já alguns anos,
Mário Tomé veio à Madeira falar sobre a sua experiência como capitão de Abril e
a Graça acompanhou-o. Creio que foi a última vez que o fez aqui na Madeira.
Após a conferência, eu e a Graça, com mais camaradas, refugiámo-nos na outra
sala da UDP e lá nos divertimos a cantar canções de Abril e outras anteriores,
de José Mário Branco, Zeca Afonso e outras, canções essas que muitas vezes
foram cantadas de forma discreta e nos davam ânimo na luta pelo fim da
ditadura. Foi um dia inesquecível.
Adeus, Graça!
Partiste, mas tens sempre lugar nos nossos corações. Para o camarada e amigo
Mário Tomé, um abraço do tamanho da nossa amizade e peço-te que não desistas de
ser meu amigo nem do compromisso que temos de lutar por um mundo melhor.
Conceição Pereira
Este
texto foi escrito em Janeiro de 2019
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