sexta-feira, 24 de janeiro de 2020


GRAÇA TOMÉ
Neste mês de Janeiro, chegou-nos a notícia que faleceu a Graça Tomé, esposa de Mário Tomé. Sabíamos que ela estava mal. Passou os últimos anos de vida a sofrer com uma doença incapacitante, que não lhe permitia o mínimo de autonomia.
O marido cuidou dela, de dia e de noite, fez o seu melhor e acompanhou-a até à última hora. Os esposos juram um ao outro, na hora do casamento, se amarem e respeitarem, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Nem todos cumprem, mas alguns levam o seu juramento até ao fim. Tenho a certeza que Mário Tomé acompanharia sempre a sua Graça, amá-la-ia até ao fim, mesmo sem juramento, porque é um homem de bem e apaixonado pela mulher com quem casou.
Há já alguns anos, Mário Tomé veio à Madeira falar sobre a sua experiência como capitão de Abril e a Graça acompanhou-o. Creio que foi a última vez que o fez aqui na Madeira. Após a conferência, eu e a Graça, com mais camaradas, refugiámo-nos na outra sala da UDP e lá nos divertimos a cantar canções de Abril e outras anteriores, de José Mário Branco, Zeca Afonso e outras, canções essas que muitas vezes foram cantadas de forma discreta e nos davam ânimo na luta pelo fim da ditadura. Foi um dia inesquecível.
Adeus, Graça! Partiste, mas tens sempre lugar nos nossos corações. Para o camarada e amigo Mário Tomé, um abraço do tamanho da nossa amizade e peço-te que não desistas de ser meu amigo nem do compromisso que temos de lutar por um mundo melhor.
Conceição Pereira
                                        Este texto foi escrito em Janeiro de 2019

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