NATALIDADE E
DESPOVOAMENTO
Actualmente, muito se
fala na baixa de natalidade, uma vez que nascem poucas crianças e, por
conseguinte, temos o envelhecimento da população.
A Costa Norte da
Madeira está a ficar despovoada. Por um lado, nascem poucas crianças, e os
jovens e até famílias inteiras deixam de viver nesses lugares por falta de
empregos ou ocupações rentáveis que dêem segurança aos jovens para aí se
estabelecerem, constituírem família e viverem em condições de dignidade
aceitáveis.
E aí ficam muitas das
pessoas idosas, por vezes sem familiares que os apoiem.
O Governo Regional dá
algum apoio monetário quando nasce um bebé e existem apoios para as creches,
livros e materiais escolares. Tudo muito importante. É suficiente? Claro que
não, uma vez que a Madeira tem uma baixa natalidade que aumenta de ano para
ano.
Imagine-se uma mulher
empregada, com contrato a prazo. Ela sabe que, se engravidar, a empresa não lhe
renova o contrato. É claro que essa mulher vai adiando a maternidade para
quando tiver um vínculo laboral mais estável. Vai ser mãe muito mais tarde e,
geralmente, já não tem condições para engravidar pela segunda vez.
Por outro lado, os
salários são tão baixos que as jovens famílias vivem com muitas restrições, não
podem comprar casa, as rendas são muito altas nos meios urbanos onde há
possibilidades de emprego, gastam muito dinheiro em transportes e cada vez é
mais difícil sustentar uma família com um ou mesmo dois salários.
Soubemos, há anos, que
um banco (creio que era o BCP) nem queria empregar mulheres e, as poucas que lá
entravam eram obrigadas a assinar o seu pedido de demissão sem data marcada.
Caso uma engravidasse, era posta fora, justificando que fora a funcionária a
pedir a sua demissão.
O mundo empresarial
exige cada vez mais dos e das trabalhadoras que prestam serviço nas suas
empresas. Até lhes chamam colaboradores, como se fossem lá uma vez ou outra
fazer qualquer coisinha. No entanto, são os trabalhadores que criam riqueza
para os patrões acumularem e crescerem a olhos vistos. Não é por acaso que
Portugal é dos primeiros países de onde saem muitos milhões para os paraísos
fiscais. Tudo em nome do capitalismo, que traz crescimento para alguns, mas não
desenvolvimento. Cria muitos ricos e uma multidão de pobres.
A Costa Norte da
Madeira precisa urgentemente de uma secretaria de agricultura que coloque
técnicos no terreno a apoiar os que ainda lá vivem, distribuir, por exemplo,
árvores de fruto que exigem menos esforço para fazê-las crescer e produzir,
apoiar a produção de legumes e leguminosas e proceder ao seu escoamento. Os
apoios existentes são pontuais e chegam a muito poucos agricultores. Talvez até
fosse possível levar famílias de outros lugares que quisessem trabalhar na
agricultura, com apoio das Câmaras e da Secretaria da Agricultura. Para isso
teria de haver uma grande mudança nas pessoas e nas políticas a aplicar.
Estas são algumas
ideias, muito minhas, que talvez ajudassem na fixação de famílias na Costa
Norte da Madeira e um incentivo ao aumento da natalidade.
PS – Imaginem se o Poder
Político promovesse um abaixo-assinado ou petição contra alguma medida da
Igreja Católica. Logo ouviríamos tocar a rebate e o que diriam bispos, padres,
beatos e beatas? Parece que ainda vivemos na Idade Média, em que o Papa de Roma
tinha de dar a sua autorização na governação das nações. Até para a
independência de Portugal foi preciso o Papa autorizar.
Conceição Pereira
Este texto foi publicado no Diário de Notícias
da Madeira no dia 20/2/ 2020
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