quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020


O NOSSO QUOTIDIANO

Há quem diga que, ultimamente, temos vivido cenas de um filme que ganharia um óscar. Pois eu, talvez por ter visto tantos filmes a passar à minha frente nos meus 83 anos de vida, já pouco me admira. Um senhor que assina Manuel Pereira afirma que ninguém votou para isto e que lhe roubaram o voto. Cada um sabe da sua vida. De mim, o PSD nunca levou voto nenhum e não estou implicada nas jogadas deles. Mas era de esperar que o PSD, perdendo a maioria dos votos, se unisse ao CDS e vice-versa, pois assim saíram ambos a ganhar. Juntou-se a fome com a vontade de comer.
E a situação do povo madeirense como é que fica? Depois de tanto reclamarem que o Governo da República não cumpria a sua obrigação de ajudar a pagar o novo hospital da RAM, depois de tudo acertado em termos de verbas nacionais, li no DN que o “Concurso para fiscalização do novo hospital” não saiu do papel Claro! Há meses que os senhores governantes andam ocupados com lugares, cadeiras, nomeações e afins, de modo que não sobra tempo para o essencial. O nosso Serviço de Saúde vai melhorar? Pior do que já está não há-de ficar.
Nestes quarenta e tal anos de governo PSD já vimos de tudo: ameaças, pressões sobre a comunicação social ( ainda não esqueci as “Notas Oficiosas” proibindo jornalistas de publicarem notícias sobre esta ou aquela matéria), processos crime em Tribunal contra políticos adversários do PSD, tudo fizeram para segurar o poder. Criaram um corredor que vai da Rua dos Netos à Quinta Vigia e agora têm de descer a Rua da Mouraria e passar na sede do CDS. São as voltas da vida! Minguaram os votos, dá-se mais uma voltinha e aumenta-se a razão pela força.
Segundo vi na Comunicação Social, começou o julgamento do senhor Manuel António Correia, antigo secretário do Governo Regional. E os outros? Quem foram os responsáveis pela dívida escondida? Foi o “grande chefe”, ajudado por funcionários e pelo Secretário das Finanças de então. Vão responder pelos seus actos? Para nós sobraram as custas e os custos.
Tenho lido e ouvido alguns governantes regionais a reclamarem contra a greve dos trabalhadores do porto de Lisboa. Uma greve traz sempre prejuízos ou não serviria de nada fazer essa luta. É a arma que os trabalhadores têm, enquanto que os poderosos utilizam muitas armas contra os mais fracos. E os senhores do PSD, em vez de pedirem apoio ao Governo da República para intervir neste conflito, falem com o senhor Miguel de Sousa, uma vez que a empresa dos Sousas detém grande parte do poder no porto de Lisboa. Eles, os Sousas, podem muito bem dialogar com os trabalhadores grevistas, satisfazerem as suas reivindicações e fica tudo bem. Ganhariam menos um bocadinho, mas não lhes faz falta. Continuarão a ser muito ricos.
Conceição Pereira


Este texto foi publicado no Diário de Notícias da Madeira no dia 13/ 2 / 2020

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